sexta-feira, 22 de abril de 2016

De Neutrinos & Nada: A vodka leitosamente tomava a forma do recipiente...




De Neutrinos & Nada:
 A vodka leitosamente tomava a forma do recipiente.











O drink.... O pesadelo... A vodka leitosamente tomava a forma do recipiente. A vantagem do líquido era minha desvantagem. Não me adaptava a nenhuma condição artificial elaborada pelas constituições artificiais das leis. A lâmina da navalha  desafiava todas as convicções e artérias. O cinema escuro, a groselha do sangue, num noir estético e sem sentido, preenchendo as vacâncias da existência. As conexões estão desatualizadas - não pertencem a esta virtualidade total. Caminhando por galerias de ratos e insetos e visões descendentes de uma neurologia danificada por infernos tóxicos dos periféricos caminhos dos fantasmas humanos. Atravessando a sintaxe, extraindo semânticas alienígenas - as palavras obtém fluxos  no leito neuronal sob novas camadas de orgasmos de sentidos-metafísicos do nada. 







A bacia vitrificada preenchida por repolhos lancinados - evocava questões fundamentais da existência. Porque existimos tão automaticamente e não percebemos nossos fluxos vivenciais. O metal aprisionava o álcool. As trancas do inferno foram se abrindo, as criptografias do ser apareceram claras, descodificadas, evidentes num fluxo petrificado de fenomenologia.  As maçãs de Newton não caíam mais em linha reta, serpenteavam  no curvo espaço de Einstein. No quarto escuro ouvimos a voz rouca do silêncio sepulcral. O corpo debilitado pela alimentação frugal coloca vultos singulares no campo de atualizações e elétrons. Não escrevemos com a gramática, apenas deixamos o pensamento selvagem fluir. O sorriso outrora era o arreganhar de dentes da fera territorialista. Olhamos nos seus olhos profundos o estado de loucura futura do ser. Nossa perspectiva se converterá em andarilhos pelas ruas das cidades cruas. Corremos sentados na estatua do tempo-espaço da solidão líquida e curva. Perdemos o caminho do senso-comum, flutuamos entre a morte e o cataléptico. A existência tornou-se uma complicada via crucis. As paixões morreram na epiderme da fatalidade-alcoólica. O cadáver entre neutrinos e elétrons   suspira segredos da alcoolemia-quântica. Não existe a coisa-em-si, apenas a superfície da profundidade do substrato do eterno. Fora do nada não existe salvação...