quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

METAFISICA DO VENTO: Maxikoan:Três Menos Um Igual A Dois - A Matemática do Destino...


Três Menos Um Igual A Dois
A Matemática do Destino




Os dias continuarão ensolarados, nublados, instáveis. As pontes estarão transportando veículos, pessoas de um lado para o outro. O que existe atualmente existirá no futuro e existiu no passado, porém com as configurações díspares na timeline  do espaço curvo de Einstein. O objeto será percebido pelo observador. O observador terá a sua verdade diferente da verdade de outrem observador.  A coisa-em-si nunca será acessível ao sujeito, até porque ela não existe no real, apenas nos livros teológicos e filosóficos. 

- Pensa rápido. Não tenho muito tempo. Em quem atiro?

- Calma... Uma decisão deste quilate não pode ser deliberada com rapidez.

- Mas você não é humano?

- Sou, mas além disso e por isso, preciso ponderar, colocar a razão e a emoção na balança.

- Que mania você tem de valorar, julgar, medir. Deixe o emocional, o irracional invadir seu ser.

- Mas de certa forma é isso que faço. Sentimento e irracionalidade são a base do racional.


A luz lunar, o plenilúnio, invadia as basculantes com rendilhas de vidro encardidos, sustentadas por ferros carcomidos encravados na antiga estrutura de tijolos à vista. O armazém, no pier depreciado pelo tempo implacável, inerte economicamente,  esquecido, mergulhado na eternidade instantânea, lambido pela água sinistra e deletéria do rio nevoso e agitado pelo vento incorpóreo, emanando uma atmosfera sobrenatural, cerzia três almas que formavam um triângulo no chão plúmbeo e estabeleciam relações nada convencionais. Um diálogo decisivo sobre vida e morte, um coquetel com todos os ingredientes humanos. Num dos vértice do triângulo imaginário ficava um ente com indumentária negra contrastando com a pele esbranquiçada do rosto e os olhos vermelhos sem vida. Na mão direita portava  um revolver de aço inoxidável rebrilhante, apesar da ínfima luz que o tocava:

- Seu tempo está se esgotando. Vamos... Preciso de uma decisão.

Neste momento, no berço de vime que encontrava-se em outro vértice, emitia um choramingar. A luz tênue e macia acariciava a face rósea de um bebe. O berço balançava usando energia invisível, enquanto o terceiro ser de olhos petrificados ponderava e murmurava:

- Estamos vivendo um kairos, tenho que medir as circunstâncias,  sopesar as consequências de minha decisão...

Acendendo um cigarro o homem trajado de preto bafora entre os lábios sediciosos, carnis, languidos e assassinos. Reflexiona em voz alta, ao mesmo tempo que engatilha a pistola:

- Não sei, mas parece o que você decidir será inócuo para o rumo do universo. As leis que regem o infinito designarão o que acontecer aqui, portanto você é apenas o boneco do ventrículo. Decida logo, pois não hesitarei em puxar o gatilho em instantes.

A criança continuava chorar no berço movente. O homem de olhos petrificados continuava em pensamentos soturnos. Eu ou o bebe? Não conseguia equacionar. Calculava quanto tempo ainda restavam de sua existência, por essa lógica tendia a salvar a criança, mas não era tão simples. O bebe era um ser frágil suscetível a diversas enfermidades. Ele tinha trinta e cinco anos, um homem feito mais preparado para as adversidades da vida.

- Vou acender mais um cigarro este é o tempo que lhe dou...

O bebe se esganava chorando copiosamente. Os dois homens permaneciam imóveis, fleumáticos. Um com cigarro nos lábios e outro acelerando sua dialéctica, aguçando sua ética:

- Salve-se o bebe. É o mais justo. Salva-se o bebe...

Três estampidos espocaram dentro do armazém no silente cais, o homem de preto havia disparado no ser de olhos petrificados. Depois, saiu devagar, jogou o cigarro nas lajes limosas:

-Três vidas, uma decisão, uma morte, dois destinos...

Empurrando a imensa porta metálica, que separava o pier da cidade, saiu. Deixou a criança no berço a sua própria sorte. Respirou fundo o ar gélido da noite sinistra. Foi rasgando a nevoa que encobria a rua marginal do antigo porto. Flexionou seus lábios de cobre, levemente, uma concessão a uma felicidade de dever, destino cumprido. Desapareceu na escuridão decadente.... 



sábado, 7 de fevereiro de 2015

Metafísica Que Transpasse Todos Os Valores Humanos






Metafísica Que Transpasse Todos Os Valores Humanos







Ultimamente procuro uma metafísica que transpasse todos os valores humanos, que moteje da moral, da ética. O homem não escapará do escarnio e o próprio escarnio será zombado. Seria uma transposição do sentido dos sentidos para administrar a "mente". Sabemos que somos iludidos duplamente. Então, uma pergunta se faz necessária: 

- Porque seguir este modelo de ilusão mente/sentidos?

Só não sabemos se para mudar devemos deletar toda cultura, todo o pensamento gerado no ocidente/oriente. Temos o intuito que as duas esferas do conhecimento humano nos levarão a uma catástrofe total. Precisamos puxar o freio do planeta. Apreendemos a ética e a moral. Impregnamos na mente todas as racionalidades-teológicas-éticas de Kant e dos mais variados religiosos, porém nosso corpo sorri matreiramente, sabe que a causa dos nossos comportamentos e costumes derivam diretamente da matéria-energia. As Leis Humanas baseadas na razão - não são capazes de evitar, suprimir a força da carne pré-determinada e da vontade do universo:

- Este é  o Espírito das Leis?

- Não é Montesquieu?






De um lado a ética, a moral e a razão. Asseveramos todos os preceitos das brochuras douradas dos livros sagrados da teologia, da imaculada racionalidade... No entanto, na primeira oportunidade de lucrar, de exercer o prazer da carne, as páginas lustradas das santas escrituras jorram o lânguido suor do prazer, da carne, do consumo. O homem com sua escala de valores artificiais produziu o rompimento de sua natureza. A saída da essência resultou na multiplicação geométrica das desigualdades, chegando até mesmo construir uma hierarquia de subespécies dentro da classe  animal implume e bípede de Platão. A sociedade de classes criminaliza, reprime, impõe a miséria. Estamos a ponto de retirar a maior parte da humanidade do topo da categoria animal e colocá-la junto com os demais mamíferos. 








De outro lado a consciência forjada a ferro e fogo fátuo, artificialmente, serve como escudo das "tentações", ou seja, as necessidades. Contanto, os ideólogos do capitalismo, sabedores da realidade que move os humanos, construíram um sistema de propaganda e marketing que explora o motor humano da vontade. Com isso fabricam produtos para gerar consumo-fake. Já não bastasse as filosofias que dividem o homem em corpo e mente, agora ele se acha angustiado. O meta-consumo ou a meta-necessidade   criou um desenfreado ter que afoga o ser.  Por isso precisamos de uma metafísica que perpasse toda racionalidade, toda Ética... Precisamos resgatar o homem da ideologia que o escraviza.