terça-feira, 20 de agosto de 2013

Maxikoan: Look Your Coccyx...



O homem não tem cauda...
Não por ser especial ou criatura de um ser perfeitíssimo, fora do tempo e do espaço, mas pela evolução.



Foi no meu último sonho metafísico, que Nietzsche e Darwin estavam parados numa esquina de Londres, provavelmente, aonde Jack Estripador seguiu o método cartesiano  e separou as partes dos corpos de algumas de suas vitimas. O dia estava livre do fog britânico, a cinzenta London estava iluminada por raios de sol. Darwin e Nietzsche apoiados na parede de tijolos a vista, rabiscadas por grafiteiros e com marketing de cervejas grudadas na sua verticalidade. O Filosofo tomava uma guinness apesar da sua repulsão ao álcool e o Biólogo bebericava algum vinho da região do rio reno. Discutiam intensamente se a vontade de potência ou a mutação eram responsáveis pela dinâmica dos seres vivos, do universo:



D: - Acho que seu Übermensch só seria possível por meio de uma mutação.

N: - Certamente, a mutação de todos os valores, a transformação da moral seria baseada nos genes, na mutação genética. Seu suporte seria físico, pois desmanchei o racionalismo hegeliano e a metafísica a marteladas, mas hoje o genes do super homem ainda não existe, talvez tenha se perdido para sempre no homem grego na época da tragédia.


D: - A evolução não leva a nenhuma mudança radical, apenas adapta a vida a novas exigências do meio. 

N: - Isto é o cristianismo que criou uma moral dos fracos para sobreviverem num mundo aonde a vontade dos fortes, da besta fulva vai se impor.

D: - Repito. Somente por meio de uma mutação será possível que sua filosofia, que a vontade de potência e o Übermensch vão vingar.

N: - Os gregos antigos não precisavam de deuses para suportar suas desgraças, era a vontade pura da natureza, as forças do universo que os mantinham prontos para rirem de suas tragédias...

D: - Se você tem certeza disso, eles foram um ramo da humanidade que se extinguiu, assim como lobo da Tasmânia, os dinossauros e outros tantos.

N: - As Civilizações tem ciclos de Apogeu e decadência, os gregos não fugiram a esta palingenesia, ainda mais quando sofreram a influência do judaísmo, da moral dos fracos. Platão foi o fundador do cristianismo com seu mundo imaculado das ideias que acabaram com o vigor da cultura, do homem forte grego.





Nietzsche e Darwin avançaram pela tarde com o dialogo. O lusco-fusco já se aproximava, os dois estavam embriagados. O filósofo ficou com o farto bigode intumescido pela cerveja, enquanto o biólogo secava os últimos goles da essência do reno. Os dois começaram a observar o movimento de idosas anglicanas com seus trajes rigorosos irem na direção da abadia de Westminster: 




N: - Pobre rebanho servil e imitador, acreditam que serão salvos pela fé, que existe um outro mundo melhor. Concordo com Marx quando escreveu que a religião é ópio do povo.

D: -  Imitatorum Servum Pecus....

Nietzsche puxou pelo braço Darwin e se puseram a seguir um grupo de religiosas. Quando se aproximaram da Abadia, os dois começaram a gritar para as senhoras saídas da era vitoriana, dignas do século XIX:

 - Olhem seu cóccix... 

 - Olhem seu cóccix... 
 - Olhem seu cóccix...

Riram muito, ainda mais, quando as  velhas carolas  se puseram a correr, pensando se tratar de dois bêbados celerados ou até quem sabe os dois estarem possuídos pelo demônio. As senhoras entraram correndo no templo, pois ali estariam protegidas pela fé. O filosofo e o biólogo estavam languidos de tanto gargalharem. A noite chegou  e os dois se despediram com um breve dialogo:

N: - Foi um dos melhores dias de minha existência, só comparados  com minha estada no sul da europa.

D: - Concordo... Fazia muito tempo que não me divertia tanto, lembrei as brincadeiras dos marujos do beagle que enfureciam o capitão.

N: - Então vamos para casa, enchendo os pulmões e gritando a pleno - Nietzsche inspirou e vociferou: - Olhem seu cóccix... Olhem seu cóccix...

D: - Olhem seu cóccix... Esta é muito boa...


E assim ao som de enormes risadas infernais o sonho metafísico se desfez....










domingo, 4 de agosto de 2013

O Conexo Desconexo





O DESCONEXO









O CONEXO 




O prato branco fumegante em cima da toalha puída e macilenta de algodão, com detalhes bordados em forma de flores vermelhas dentro de cestos de vime, olorava vapor carnil exalado das almondegas - ao molho madeira, acompanhadas de arroz cateto selvagem e salada de burgol, cebola, pimentão e tomate. O garfo na mão do filósofo estava suspenso, congelado na profundidade da rede de neurônios. O pensamento maquinava o capítulo XXII do livro Contribuições À Doutrina Do Sofrimento Do Mundo, de Arthur Schopenhauer. O espirito do philosophe se inundara do pessimismo do ilustre pensador tedesco. Estava em plena ataraxia, sem reflexos de mobilidade corporal, apenas atividades críticas e negativas no fluxo e conexões do córtex cerebral.




No lado oposto da cidade, no Instituto do Coração, um cardiologista examinava um diagnóstico produzido pela vanguarda tecnológica, seu pensamento distava alguns quilômetros, buscava uma explicação, uma racionalidade para a diferença entre a assistência médica dada aos pacientes particulares, possuidores de bens  e o oferecido pelo sistema de saúde do governo aos mais necessitados - os sem posses. Eram duas categorias de pacientes:

a) Os donos e beneficiados pelo poder econômico - que recebem toda disponibilidade de equipamentos avançados e métodos supra modernos sem espera.
  
b) Os explorados e subjugados pelas leis confeccionadas em favor do poder econômico e que ficam à mercê de um sistema ineficiente, de colegas que apenas estavam interessados em receber "desprezíveis reais" pagos pelo sistema publico, além de ter que esperar horas, dias, meses, anos para serem atendido, quando não morrem na fila. O pensamento critico do médico questionava o sistema capitalista: 
- "Será que  em Cuba existiria aquelas distinções? Será que os homens eram atendidos conforme suas posses, mesmo nas horas mais terríveis, quando todo ser humano deveria ter os mesmo direitos diante a doença? Porque os recursos tecnológicos e métodos modernos só estavam a disposição de um seleto grupo do poder econômico e seus apaniguados"?




O filosofo levou o garfo com um pedaço de almondega condimentada entre os dentes, a inercia começava a se desmanchar, a pimenta extra forte adicionada ao bolo de carne e pão fizeram seus olhos lacrimejarem, uma parte da secreção caiu num granulo de açúcar cristal, que uma formiga carregava com grande esforço, com o líquido salgado o produto industrializado da cana de açúcar, que os portugueses e holandeses disputaram há séculos, se dissolveu e o esforço do inseto se tornou em vão. Os sentidos do philosophe despertaram completamente, sua ataraxia se esboroou com um som agudíssimo vindo de uma serralheria da vizinhança. O ferreiro batia o malho num ferro com toda sua força física, extraindo sons que despertavam até almas adormecidas eternamente. O pássaro cardeal se batia na gaiola de arame e madeira, pendurada na porta da serralheria na qual o ajudante saia carregando um copo de aguardente para o ferreiro, nem sem antes bebericar alguns goles em frente a parede interior do galpão, que apoiava um calendário de mulheres nuas de uma empresa de pneus.




Uma árvore carregada de caqui, uma planta originária da asia luxuriante e despótica, atrai sábias com seus bicos evoluídos para furar frutas, caçar insetos, eles emitem seu trinado triste, apesar de hodiernamente os alçapões, fundas e espingardas de chumbinhos estarem abolidas pela nova geração que nesse instante tecla em frente a uma computador, screen ou cheiram cola na frente de um supermercado abordando clientes para dar suporte ao vício e, ainda, atirados como zombies exercitam a mortificação de seus corpos fumando crack - em becos e áreas degradadas junto a excrementos humanos de homeless, que se limpam com jornais da grande mídia corporativa, que defendem os interesses do poder econômico e estão se lixando para a transcrição correta dos fatos - num dia qualquer do calendário gregoriano em que a terra completa sua translação indiferente as funções artificiais que os homens cumprem com determinação. Como  ratinhos de Skinner corroborando a teoria behavorista, enquanto outros dormem em casa de papelão & outros assaltam, entrementes, um budista e um médium empreendem voo no espaço cósmico usando técnicas paranormais que a guerra fria escondeu a sete chaves, porém a SpaceX lançou um carro Tesla Roadster a bordo do   novo foguete jumbo Falcon Heavy...