domingo, 31 de maio de 2015

Superando Althusser





Superando Althusser 








Houve uma época em que andávamos com livros de Althusser embaixo do braço. Isto após o Ideólogo Marxista matar por estrangulamento sua esposa; ou por acidente, ou por premeditação. O certo é que Hélène Rytmann, uma revolucionária judaica nascida na lituânia, morreu nas mãos de um homem que teve sua saúde mental e psicológica abalada ao longo de sua existência. Apesar de nossa pouca idade e tempos nebulosos, vivíamos mastigando livros de Karl Marx ou seus derivativos como Althusser, às vezes comprávamos, às vezes surrupiávamos das prateleiras de livrarias burguesas. Acreditávamos que o socialismo científico seria a redenção para a humanidade, a salvação da lavoura, a remição do lavor urbano. Entre reuniões e movimentos revolucionários, nossos feromônios fervilhavam, espocavam tornando nossos corpos elétricos e rebeldes. A ideologia, o livro vermelho de Mao Tsé-Tung, a crítica e autocrítica e a disciplina rigorosa nos impedia a transição da política revolucionária para o sexo e o rock and roll, que nossa química corporal exigia.







O materialismo é o que importa. A religião é o opio do povo. Não pudemos sustentar por muito tempo estes bordões. Logo migramos para livros de Castaneda e planejávamos viagens em direção ao deserto de Sonora, para Machu Pichu e seus mistérios. Queríamos provar os verdadeiros ópios. Mastigar folha de coca e experimentar mescalina; ouvir as flautas mágicas andinas e conversar com os bruxos de Dom Juan. Foi uma transição em que por muito tempo tateamos na escuridão da indefinição. O existencialismo de Heidegger e Sartre chegaram por meio da biblioteca pública, apesar de varias vezes sermos aconselhados, por obesas bibliotecárias, a arranjar outra ocupação e deixar o espaço livre para quem realmente precisava estudar. Não entendiamos muito bem a liberdade que Sartre pregava. Contudo, chegou em nossas mãos o script de uma peça de teatro do existencialista francês. O personagem, chamado Tom, passava o dia tocando saxofone no sótão, esvaziando garrafas de whisky do Alabama. Jazz e whisky - isto nos servia. A cada acorde ganhávamos existência, a cada dose de álcool perdíamos nossa memória materialista e afetávamos o figado...










quarta-feira, 20 de maio de 2015

As bananas desnudas no prato de louça branca portuguesa e os ratos invisíveis...






As bananas desnudas no prato de louça branca portuguesa e os ratos invisíveis...








As bananas desnudas no prato de louça branca portuguesa e os ratos invisíveis...  As pacobas nuas na louça branca, colonial, lusa, bacharelesca   servem aos macacos tupiniquins suas refeições espirituais & corporais. As necessidades humanas, dos símios brasilis,  apesar de sagrados em algum lugar da asia (GOA?) são dignas das narrativas sacerdotais relatadas por Nietzsche. Os ratos diáfanos podem agir a meia-luz na redundância de um abajour francês. Os roedores pestilentos aprenderam com o homem. Não tem escrúpulos, apenas desejos sujos para saciar a fome e uma infinidade de doenças....
Os pratos com pacovas desnudas também servem para o desejum humano, após um longo período de abstinência alimentar. O local ideal é um banheiro sacro, num mês em que os deuses dancem sobre as brancas nuvens que cobrem o oceano índico, em uma atmosfera sem sentido, sem humanidade...





Os Mus Musculus transparentes desejam salvar a humanidade. Vamos deixa-los a vontade. O movimento ratos para salvar o planeta e o mamífero humano, são como as ONGs e OCIPs, não tem fins "lucrativos", nem "ideologia". A principal ação a ser desenvolvida é construir bilhões de moradias, feitas com queijos suíços sem lutas de classes e discriminação.  Os furos da iguaria dos helvéticos abrigará a população de roedores, com um único objetivo: proteger as propriedades do bípede implume racional. Não possuem nem um outro interesse, senão permanecerem invisíveis e admirarem as pacobas no prato de louça branca lusa, enquanto a massa humana assiste nas telas planas digitais -  que jogam milhões de alienações por 1 nanosegundo-luz...   





O grande senhor burguês-político do alto de sua grimpa-reação berrava. Com o prato de louça portuguesa alva vazio de bananas desnudas:

- Viva Hobbes e seu Leviatã. Precisamos de um poder absoluto para conter a caterva proletária e os parias da sociedade... Abaixo a vontade geral do proxeneta Rousseau. Seu contrato social é a volta a selvageria... Podemos ceder algumas pacobas desnudas aos ratos invisíveis e aos lumpemproletários, porém as louças de porcelanas lusas já é demais....







sexta-feira, 15 de maio de 2015

Pseudo-Poema A Todos Bebâdos da América




 Pseudo-Poema A Todos Bebados da América










O figado se arrasta pelos bares da cidade


Garrafas se esvaziam automaticamente no rastro


A existência depende do copo, da botelha e do álcool


A felicidade é proporcional ao nível de alcoolemia

Os bares da América nos recebem com orgulho

Para a tristeza de nossas mães...







Navegamos por rios de vômitos 
Oceanos de loucuras

O vento nos move em direção ao iceberg 

Somos funâmbulos sobre o fio da navalha 




Um deus pagão nos protege sob o sol de Hemingway

Em nossa sina perdemos a razão...

Nossa batalha é diária

Whisky, vodka, vinho não importa

Somos nossos próprios inimigos

Nas trincheiras de Bukowski 




Não temos heróis nem ídolos

Somos iconoclastas que derrubam garrafas

 Atores do teatro do absurdo

Personagens sem Script...









quarta-feira, 6 de maio de 2015

Sou uma Tribo de Personalidades ou Servum Pecus Imitatōrum & Cruzicicuta....





CRUZ & CICUTA





Sempre foi um cara estranho. Não bebia álcool, porém era um contumaz consumidor de drágeas diversas. Não era hipocondríaco, apenas queria experiências que alterassem seu estado de consciência. Nos tempos de sobriedade consumia lógica e matemática nos livros e no youtube. Nas loucuras de seus paraísos artificias corrompia toda a racionalidade. Uma mistura explosiva de psiques opostas. Batalhas intermináveis dentro do córtex. Os refugiados, vitimas das ciências exatas, ganhavam corpo e protagonismo - como as cópias imperfeitas de Platão na filosofia Deleuziana. Britlavik Shaoni vivia neste ramerrão, na dicotomia do mundo imaculado da razão contra a imperfeição dos sentidos. Quando estava com o corpo dominado pelos seres subterrâneos, costumava escrevinhar alucinadamente no fluxo da consciência primitiva, na fluidez dos vômitos inconscientes. Costumava dizer, quando questionado sobre sua instabilidade:

- Sou uma tribo de personalidades....





B. Shaoni registrava sua logorreia infindável no seu desktop. Arquivos se multiplicavam. Blogs em profusão. As teclas apresentavam desgastes causado por falanges elétricas, rápidas. Os textos eram reflexos de forças que disputavam posições no córtex. Rastros de filosofia, hormônios e efeitos colaterais preenchiam o editor de texto. Uma amostra de sua inefável literatura.



CRUZ & CICUTA

O discurso de Sócrates servirá para qualquer época. Será sempre atual. A liberação do corpo para atingirmos a verdade é a recompensa diante o sofrimento. A existência terrestre não é completa para dar sentido à vida. O bípede implume racional necessita da transcendência para evitar o suicídio - atingir a verdade é o antídoto. O cristianismo propõe o éden para substituir a cruz terráquea, que castiga e produz a culpa. Assim, a filosofia e o cristianismo apostam na transcendência para manter o Servum pecus imitatōrum dependente do sacerdote e da ideologia do poder. Está Implícito/explicito nos teores das escrituras humanas, diretamente ou nas entrelinhas, um proselitismo com o fim de tornar dócil e dependente as ovelhas que se submetem ao redil ideo/teológico.  Absorvendo o sofrimento e a ética do poder teremos como prêmio o paraíso da verdade ou a luz eterna dos olhos da Beatriz de Dante Alighieri....