O homem não tem cauda...
Não por ser especial ou criatura de um ser perfeitíssimo, fora do tempo e do espaço, mas pela evolução.
Foi no meu último sonho metafísico, que Nietzsche e Darwin estavam parados numa esquina de Londres, provavelmente, aonde Jack Estripador seguiu o método cartesiano e separou as partes dos corpos de algumas de suas vitimas. O dia estava livre do fog britânico, a cinzenta London estava iluminada por raios de sol. Darwin e Nietzsche apoiados na parede de tijolos a vista, rabiscadas por grafiteiros e com marketing de cervejas grudadas na sua verticalidade. O Filosofo tomava uma guinness apesar da sua repulsão ao álcool e o Biólogo bebericava algum vinho da região do rio reno. Discutiam intensamente se a vontade de potência ou a mutação eram responsáveis pela dinâmica dos seres vivos, do universo:
D: - Acho que seu Übermensch só seria possível por meio de uma mutação.
N: - Certamente, a mutação de todos os valores, a transformação da moral seria baseada nos genes, na mutação genética. Seu suporte seria físico, pois desmanchei o racionalismo hegeliano e a metafísica a marteladas, mas hoje o genes do super homem ainda não existe, talvez tenha se perdido para sempre no homem grego na época da tragédia.
D: - A evolução não leva a nenhuma mudança radical, apenas adapta a vida a novas exigências do meio.
N: - Isto é o cristianismo que criou uma moral dos fracos para sobreviverem num mundo aonde a vontade dos fortes, da besta fulva vai se impor.
D: - Repito. Somente por meio de uma mutação será possível que sua filosofia, que a vontade de potência e o Übermensch vão vingar.
N: - Os gregos antigos não precisavam de deuses para suportar suas desgraças, era a vontade pura da natureza, as forças do universo que os mantinham prontos para rirem de suas tragédias...
D: - Se você tem certeza disso, eles foram um ramo da humanidade que se extinguiu, assim como lobo da Tasmânia, os dinossauros e outros tantos.
N: - As Civilizações tem ciclos de Apogeu e decadência, os gregos não fugiram a esta palingenesia, ainda mais quando sofreram a influência do judaísmo, da moral dos fracos. Platão foi o fundador do cristianismo com seu mundo imaculado das ideias que acabaram com o vigor da cultura, do homem forte grego.
Nietzsche e Darwin avançaram pela tarde com o dialogo. O lusco-fusco já se aproximava, os dois estavam embriagados. O filósofo ficou com o farto bigode intumescido pela cerveja, enquanto o biólogo secava os últimos goles da essência do reno. Os dois começaram a observar o movimento de idosas anglicanas com seus trajes rigorosos irem na direção da abadia de Westminster:
N: - Pobre rebanho servil e imitador, acreditam que serão salvos pela fé, que existe um outro mundo melhor. Concordo com Marx quando escreveu que a religião é ópio do povo.
D: - Imitatorum Servum Pecus....
Nietzsche puxou pelo braço Darwin e se puseram a seguir um grupo de religiosas. Quando se aproximaram da Abadia, os dois começaram a gritar para as senhoras saídas da era vitoriana, dignas do século XIX:
- Olhem seu cóccix...
- Olhem seu cóccix...
- Olhem seu cóccix...
Riram muito, ainda mais, quando as velhas carolas se puseram a correr, pensando se tratar de dois bêbados celerados ou até quem sabe os dois estarem possuídos pelo demônio. As senhoras entraram correndo no templo, pois ali estariam protegidas pela fé. O filosofo e o biólogo estavam languidos de tanto gargalharem. A noite chegou e os dois se despediram com um breve dialogo:
N: - Foi um dos melhores dias de minha existência, só comparados com minha estada no sul da europa.
D: - Concordo... Fazia muito tempo que não me divertia tanto, lembrei as brincadeiras dos marujos do beagle que enfureciam o capitão.
N: - Então vamos para casa, enchendo os pulmões e gritando a pleno - Nietzsche inspirou e vociferou: - Olhem seu cóccix... Olhem seu cóccix...
D: - Olhem seu cóccix... Esta é muito boa...
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