Non Plus Ultra...
Sou escravo das palavras, mas não dos sentidos. O mundo carece de coerência. Os conceitos são realidades inconcretas esperando circunstâncias para se revelarem "fatos". Os léxicos são sementes que brotarão na futura atualização do campo da existência. Os grilhões são perpétuos na frágil caminhada do homem. As palavras permitem um voo por cima do purgatório de Dante. O sofrimento do cotidiano e suas hierarquias já são suficientes para a humanidade sofrer. O sonho é a única felicidade ao alcance, enquanto sonho. Caminhei por muitos descaminhos e não vi nada diferente das "retas" estradas dos moralistas, senão suas palavras vazias e repressoras. Sartre disse que o homem é uma doença, eu digo: - Uma doença em estado terminal - Sempre tentei ultrapassar os limites impostos; na realidade, a morte é o único ultrapassar da existência. O budismo diz que nascemos sós e morreremos sós. A filosofia nunca chegou ao ser-em-si. O ser primordial é a extinção do que chamamos de homem, animal mais consciência. Kant talvez tenha chegado ao ser-em-si, mas quando percebeu do que se tratava, logo tergiversou e escreveu: "A coisa em si (noúmenon) nos escapa, não pode ser conhecida, somente pensada". O filosofo de Königsberg afirmou que podíamos somente conhecer os fenômenos, chegar a superfície do ser, mas penso que nem isto é acessível ao humano. A eletricidade e química que percorre o cérebro são os responsáveis por toda esta ilusão. A teoria da relatividade, a física quântica e a teoria das cordas não existem fora dos limites do córtex. Todo pensamento é um engano, uma estratégia de sobrevivência que combina ações da matéria de acordo com o sistema da mente, onde fragilmente geramos o perceber a si, o individuo, mas que para o universo infinito é apenas um arroubo insignificante, um nada se manifestando num niilismo. O homem está condenado a sua ignorância iluminista, seus paradoxos crus, sua auto-ajuda de se dignificar, dar sentido ao vazio que permanecerá vazio. Não há saída, estamos numa sinuca de bico, somos um vazio que preenche seu sentido com outro vazio denominado deus. Quantos copos de absinto precisarei esvaziar para criar coragem e navegar pelos oceanos numa frágil embarcação. Pã morreu, mas seu vinho entusiástico ainda corre nas veias dos crente, dos cientistas, dos ateu que acreditam ser uma forma especial da natureza ou até mesmo um ser especial separado da matéria; quanta ilusão meus senhores, quanto vazio preenchido com o nada. Nietzsche já havia percebido que não existem fatos somente interpretações, mas o etimólogo alemão não pode ser radical o suficiente, não teve estofo para dizer que os fatos não existem, somente interpretações do vazio. Nietzsche nunca deixou de ser uma criança mimada, acabou seus últimos anos nos braços da mãe, pois não tinha coragem suficiente para romper com a ilusão da vontade de potência, pois este era seu último fantasma de seu castelo de areia. Nietzsche tinha medo do nada, por isso lançou todas suas farpas contra as ideias de Platão, contra o Cristianismo e o budismo, pois representavam o nada, a morte. Apolo venceu Dionísio, o racional de Sócrates sobrepujou o rio de Heráclito. A tragédia estava presa na mente, encarcerada pelos pensamentos que dançavam no vazio, no vácuo de sentido. O nada coerente havia vencido o nada do kaos, a Nietzsche só restou se refugiar na sua própria loucura, no arrimo da sua mãe e irmã. No devaneio irracional e Cataléptico Nietzsche se escondeu do nada, da tendência de sua filosofia bater na porta do nadismo, do pessimismo no vácuo...
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