Binaridade & A Tartaruga de Aquiles....
O existencialismo de Sartre, baseado na liberdade, em que o homem pode fazer de si algo melhor do que a sociedade fez - é similar ao pecado original do cristianismo. Ele coloca a responsabilidade do destino nas mãos do homem. Na realidade, o homem não tem sentido, nem sentimento, pelo menos no que tange ao meu "ser" - estamos presos a massa, a matéria escura e a energias que habitam o universo. A cada frase construo teorias. Elas são vazias, sem verificação, ajudam a levar o cotidiano desfavorável a uma utopia que só existe na geração em que os neurônios produzem o epifenômeno. O livre-arbítrio só pode estar na configuração neuronal. É uma liberdade vigiada pelas impressões que entram nos sentidos e transformam a tabula rasa de Locke, criando todas ilusões como o absoluto, a verdade e seus contrários. O sonho também é uma liberdade controlada, caso contrário, não teríamos pesadelos fora do estado vígil. Neste momento preencho uma folha em branco virtual, ou seja, a página virgem do blog. Existimos numa teia que abriga Berkeley, Humes e Popper, ou seja, só existe o que percebemos, se o sol nasceu hoje no lago dos cisnes brancos, não quer dizer que amanhã o sol nascerá - e se nascer é provável que um cisne negro desfile sua graça no lago dos cisnes brancos. Popper é um Humes mais "evoluído", um dos principais filósofos do século vinte. Foi um austríaco que colocou o circulo de Viena em xeque. Com efeito, Popper expulsou a verdade absoluta do positivismo lógico, que estava oculta, apesar do circulo de Viena negar a existência em sua ciência positivista-lógica. Os orgulhosos filósofos e cientistas do circulo vienense e agregados acordaram do sonho do absoluto, que é o princípio, o fundamento de teologias e metafísicas. A história do pensamento humano não consegue sair da dualidade, do binarismo. Heráclito de Éfeso há dois mil e quinhentos anos já travava esta batalha contra Parmênides de Eléia, que acreditava no absoluto, no eterno e afirmava “Toda a mutação é ilusória”. O filosofo do Éfeso afirmava tudo está em perpétua mutação, Panta Rei. Alguns dizem que ele foi o pai da dialéctica, que ao chegar em Hegel foi incluído o terceiro termo para unir a tese e a antítese, ou seja, o terceiro fator: - a síntese. Com efeito, o terceiro fator é apenas a nova fase de uma nova dialéctica binária, ou seja, a Tese. A humanidade está presa no ser e não-ser, na verdade e falsidade, no zero e no um do sistema binário da computação. Somos escravos do eterno fluir na nossa transitoriedade, enquanto nos divertimos com o absoluto indeterminado ou com finito do infinito. Sabemos que Aquiles nunca vencerá a tartaruga na infinita divisão matemática, mas ela será ultrapassada com um simples passo de Aquiles no mundo "real" dos sentidos.
"Es gibt keine fakten nur interpretationen." - Nietzsche
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