segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Jardim Metafísico ou Paraíso Gelatinoso....



Jardim Metafísico 



Miríades de insetos se transformavam em criaturas estranhas.  No jardim metafísico não existia o não existir. O impossível era possível. Plantas verdejantes se embaraçavam nos neurônios gerando venetas impalpáveis das garras da realidade. Todo fim de tarde as chávenas alucinógenas nos levavam a um mundo exótico, cheio de orientalidade antiga, com perfumes lânguidos e luxúrias ímpares. A paisagem mística era cúmplice de pensamentos exatos. A viagem empreendida tinha sabor de gelatina-paraíso. Nada no exterior nos abalava, pois no vácuo do jardim podíamos criar  o inexistente e até mesmo o vácuo. Era uma especie de pensamento selvagem de Alexius Meinong. Os objetos inexistentes que se acumulavam nas nossas configurações neuronais - podiam existir no universo do jardim metafisico. Era tempo de bonança. Nossos figados eram semi-virgens, desconheciam as pesadas viagens que nossas naus teriam que atravessar....



As possibilidades nos levavam a sonhar. As impossibilidades construíam o substrato para sonhar. O jardim metafísico prometia a eternidade no éter dos pensamentos. Movíamos entre zeros espaciais. Comíamos luz. Bebíamos moléculas transfiguradas. Viajávamos pelo universo dentro de um neutrino. Tínhamos conceitos, teorias, axiomas que não precisavam de verificações. Tudo era construído pelo invisível palpável. Mergulhávamos nos numerais abstratos hindus dentro de uma sopa de "lógica-intuitiva", que revelava seres-sem-ser-sendo. Um arco-iris gelatinoso dava sabor ao córtex-coletivo que permitia as qualidades se transformarem em sujeito que subjugava os substantivos concretos. Hoje os sonhos estão perdidos, a realidade impregnou nossos corpos concretos, somos mecanismos sólidos de perversividade que se desmancham no ar poluído de pesadelos....       




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