segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Maxikoan - Limite de Chandrasekhar - By Eros Thanatos








Limite de Chandrasekhar




I

Estou confinado na gravidade da existência, numa conspiração do mundo sub-atômico que depreciou sua energia, restando matéria fria, sem emoção, apenas epistemologia, teoria do conhecimento. A natureza vibra fora deste limite, os fótons livres bombardeiam a matéria e sonham em colidir com a energia escura - ou o velamento da física que os pré-socráticos deixaram nas entrelinhas de seus tratados e poesias. 

O estado de coisas se resume a uma bolha intransponível que retém o transpassar transcendental kantiano. Prisioneiro de um imanente universo que flui no espaço-tempo eterno e relativo, sem Einstein, sem consumo de energia e matéria, apenas atualizando o singular nos campos inexpugnáveis de Espinoza, do perspectivismo nietzschiniano que se integra no processo das dobras de Gileuze. 



II

A cabeça desnuda recepcionando ondas desinteligentes. A crueza do córtex é responsável pela ignara comunicação, interlocução. A matéria como último bastião da liberdade , não que a única solução seja o materialismo, mas quiçá a transformação de matéria em energia eterna sem consciência antropomorfica e caso não seja possível, ainda resta o plano b: - A dualidade da Luz; ora energia, ora partícula...

A memoria-junkie tinha um sonho ou no sonho tinha uma memoria-junkie, mas o certo foi que acordei com a imagem de um cavalo copulando com uma mulher. A lascívia feminina era dirigida pelo equino que com seus olhos imperturbáveis enfiava seu pênis quase infinito na flor da gravidade curva e paradoxalmente quântica. Os fótons, os quarks, os léptons, os bárions, gravitons... que formavam o corpo da espécie humana feminina, regidos pelas quatros forças que ordenam o universo, de acordo com a teoria das cordas, construíam a figura da fêmea abrindo a boca, revirando os olhos e colocando sua língua vermelha sex appeal em movimentos sinuosos, rápidos como as ondas do estágio do sono REM. Os raios solares invadiram a lucarna, levantei do colchão surrado, os olhos cansados se depararam com o aquário cheio de hippocampus grávidos; os machos cuidando dos filhotes e as fêmeas livres para agirem no meio fluido....



III

Crianças haitianas comem bolachas de barro secado ao sol com um pouco de sal para torna-los mais palatáveis. Em Manhattan um executivo acompanhado do seu Ceo são responsáveis por fraudes financeiras que desequilibraram a maior economia capitalista, mas indiferentes a isto, degustam algum acepipe extravagante, harmonizado por um vinho que expressa sua qualidade em duas unidades de mil dólares. A globalização, o sistema financeiro está garantido, ou melhor, as transnacionais não irão a falência, pois a mão invisível do estado ofertará bilhões de dólares dos impostos da população. 

A periferia globalizada se desfaz de suas riquezas minerais e humanas, os primeiros explorados e exportados por empresas supra-nacionais, que espalharam seus sustentáculos sobre os territórios nacionais precarizados; os segundos são dilacerados pela fome, pelas doenças tropicais, pelas calamidades anti-ecológicas e governos levados a cabrestos pelas elites associadas aos capitalistas do centro. Para piorar a situação, os países periféricos com vastas fronteiras agrícolas, tem os preços de seus produtos controlados por bolsa de valores estrangeiras que manipulam artificialmente os valores.



IV

No final estaremos todos dentro do limite de Chandrasekhar, seremos eternas anãs brancas a esfriar num universo configurado pela Teoria das Cordas, seremos sons originários do dedilhar do destino, estamos aferrolhados e pré-determinados pelas quatro forças que governam. Querer ultrapassar isso é ficar retido na singularidade de um buraco negro, numa densidade infinita, onde nem a luz escapa. Não tenho boas notícias ou consolos para os humanos e qualquer outro ser que possa existir, estamos condenados a solidão terrível da massa que forma o universo tanto dentro como fora do limite Chandrasekhar ....




M_{Ch} = \frac{\omega_3^0 \sqrt{3\pi}}{2}\left ( \frac{\hbar c}{G}\right )^{3/2}\frac{1}{(\mu_e m_H)^2}.


onde \hbar é a Constante de Planck reduzida, c é a velocidade da luzG é a constante gravitacional universalm_{H} é a massa do átomo de hidrogênio, μe é a massa molecular média por elétron, e \omega_3^0 \approx 2.018236 é a constante matemática relacionado a equação de Lane-Emden.

THE END   


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