Teoria, Ménage à Trois & Evolução...
Quando ouvi a palavra diletantismo pela primeira vez, estava explanando sobre o início do universo - O Big-Bang. O ambiente era um bar na parte central da cidade. A palavra me incomodou. Antoine um professor francês da universidade estatal - estava extremamente bêbado. Pronunciou a palavra para me incomodar:
- Não entendo nada do que você fala, mas o ouço por diletantismo.
Não esperei sua expectativa. Ao me ver perturbado e interferir na exposição sobre o Big-Bang. Passei o braço por cima da mesa como um rodo num chão lambuzado. Garrafas de cervejas, copos de whisky, acepipes e celulares voaram para as lajotas pretas. Os outros que ocupavam a mesa assustados, levantaram e se afastaram. A minha irracionalidade extrema conflitava com a exposição lógica-matemática. Consegui deter minha noite de fúria com alguns goles extremos de cerveja. Os ouvintes, apesar do controle, foram se despedindo, deixando-me solitário na mesa reabastecida. Era um exercito de bebidas alcoólicas que tinha que bater.
Os funcionários do estabelecimento começaram o movimento que antecede o fechar das portas. O gerente dirigia um olhar de estamos fechando. Tomei duas doses de whisky e joguei meu cartão de crédito em direção do caixa. A funcionária abaixou-se para pegá-lo. Debitou o valor do consumo e devolveu o quadradinho plástico num porta-documentos de prata. Antes de sair pedi que colocassem umas cinco doses de Grant's em um copo de plástico. Os pés começaram a vencer o passeio na noite citadina. Uma parede roxa com letreiros vermelhos e um amontoado de pessoas na frente exerceram um poder de gravidade. Era um imã puxando uma agulha. No pensar alcoólico-racional vieram muitas justificações para continuar a noite. O PUB temático fazia uma homenagem ao filme Laranja Mecânica. Dentro do estabelecimento uma jibóia enrolada no pescoço de uma mulher ébano. O garção atendeu minha disposição alcoólica tantálica, da vontade do eterno retorno etílico. Entre goles de tequila e copos de absinto fiquei encantado pela morena e sua boa constrictor.
Logo, me senti enturmado no ambiente. Um "inferno" e todas as suas benesses. A garota da jiboia possuía uma cintura esplêndida que me cativou. Sua cintura equivaleria ao nariz de Cleópatra - Um fetiche. Entre doses e olhares fiquei obcecado. O olhar foi interrompido quando um habitue do bar me abordou. Na realidade, queria vender algum tipo de droga. Comprei algumas doses, fui ao banheiro sujo que misturava cheiro de naftalina com urina. Coloquei algumas carreiras encima da tampa da privada e inspirei o pó andino. Retornei ao centro dos acontecimentos no PUB. Ouvia-se os grunhidos de Johnny Rotten e uivos desafinados dos seus comparsas. Sentei junto a mesa e logo consegui avistar novamente a garota da cintura esplêndida. O vapozeiro sentou do meu lado e perguntou o que eu tinha achado do seu produto:
- Nice... Ótimo...
Ele notou meu interesse pela garota, pois olhar era fixo em direção a ela:
- Não me leve mau, mas se você quiser posso chamar a garota para vir sentar aqui.
Comecei um dialogo etílico-tóxico com Myrna. Era assim que a cinturinha esplêndida se chamava. Começamos a virar copos. Seu olhar indicava carta branca para avançarmos de fase, mas antes de sair do PUB, tive que comprar mais neve do vapozeiro.
Caminhávamos pela longa avenida central alternando doses de whiskys e inspirações de flocos de neve e com a jibóia enrolada no dorso de Myrna. Chegamos a uma escadaria paralela a um antigo viaduto decadente. Já passava da 1:00 hora da madruga. Myrna queria fazer sexo na parte mais alta da escadaria. Queria fazer sexo com a boa constrictor. A condição etílica-toxicológica da minha mente não colocou empecilhos. Chegamos ao ápice da escadaria. Começamos o ménage à trois. Nus a uma temperatura de 6º C na solitária madrugada ventosa. Preenchemos o vazio da cidade com nossos corpos sem controle, com nossos pensamentos e desejos libidinosos. Era essa nossa contribuição para a evolução da humanidade, do planeta sustentável, para a integração do homem e o animal. Depois de 13 bilhões de anos, desde o Big-Bang, era essa minha contribuição. As teorias, os cálculos e milhares de horas e leituras me pareciam insignificantes diante a experiência inusitada. Pensei seriamente em jogar o corpo no vão de 30 metros de altura, mas a língua morna e rosada de Myrna e seu sexy-appeal salvaram a mediocridade de minha vida de cientista, de teórico; sob o auge de um entusiasmo dionísico, prometi para M. e sua jibóia que constituiríamos uma família inexpugnável...
Caminhávamos pela longa avenida central alternando doses de whiskys e inspirações de flocos de neve e com a jibóia enrolada no dorso de Myrna. Chegamos a uma escadaria paralela a um antigo viaduto decadente. Já passava da 1:00 hora da madruga. Myrna queria fazer sexo na parte mais alta da escadaria. Queria fazer sexo com a boa constrictor. A condição etílica-toxicológica da minha mente não colocou empecilhos. Chegamos ao ápice da escadaria. Começamos o ménage à trois. Nus a uma temperatura de 6º C na solitária madrugada ventosa. Preenchemos o vazio da cidade com nossos corpos sem controle, com nossos pensamentos e desejos libidinosos. Era essa nossa contribuição para a evolução da humanidade, do planeta sustentável, para a integração do homem e o animal. Depois de 13 bilhões de anos, desde o Big-Bang, era essa minha contribuição. As teorias, os cálculos e milhares de horas e leituras me pareciam insignificantes diante a experiência inusitada. Pensei seriamente em jogar o corpo no vão de 30 metros de altura, mas a língua morna e rosada de Myrna e seu sexy-appeal salvaram a mediocridade de minha vida de cientista, de teórico; sob o auge de um entusiasmo dionísico, prometi para M. e sua jibóia que constituiríamos uma família inexpugnável...
*Contos e encontros." Round Midnight"*
ResponderExcluir