segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Fim da Ilusão, Fim do Mundo de Maya - O Universo dobrará a esquina do Zero Absoluto....


O Universo dobrará a esquina do Zero Absoluto....




Os hindus preferem aniquilar a vontade, provar um mundo abstrato para suportar maya. O melhor dos mundos é o nada.  O nirvana é o alvo, pois como mais tarde constataria Schopenhauer, que o desejo é a representação do mundo e ela faz a existência insuportável. Podemos, parcialmente, remediar tal realidade. Escutar música, olhar para a natureza pura - São formas de conseguir driblar  a volição. Outrossim, podemos usar o pensamento para construir utopias, castelos de areia edulcorado por sentimentalismos, mas tudo será em vão, quando o contato da vontade tocar no que chamamos o piloto do navio humano.



Até o início do século vinte a humanidade acreditou em paraísos, juízo final, eternidade, utopias, universo estático, recompensas após a morte, a existência da razão e uma moral herdada de um ser superior. Miríades de soluções para satisfazer a vontade faminta, foram idealizadas ou construídas. Mas, o mito de tântalo é a coisa-em-si. O universo governado pelas forças imbuídas na matéria não permitem livre-arbítrio ou felicidade. Heisenberg nos trouxe para a o princípio da incerteza. Galbraith para a era da incerteza. Os transfinitos criaram infinitos dos infinito. Estamos dentro de universos paralelos de acordo com a teoria das cordas. Popper aleijou a ciência - Quanto mais uma teoria é testada mais perto está de caducar. Nada de novo, pois David Hume já nos advertia que o sol pode não nascer amanhã. Somo frutos da expansão do universo, que Einstein negou. Tudo flui... Tudo é relativo...


As sementes do nada começam a germinar, quando a realidade é transpassada e percebemos que o fluir é a luta de forças para a configuração da matéria. Estamos sempre sendo atualizados nos campos da existência. O fluir nunca termina. O que acaba é o display humano, que começou a ser gerado nas primeiras estrelas que geraram o carbono. O que inicia o universo é a explosão do big-bang, antes dos 13,3 bilhões de  anos existia o nada, não representado, a partir da explosão temos o nada configurado. As subparticulas continuarão a se dividir, o bóson de higgs perderá sua divindade no futuro, será rebaixado como a partícula do homem. De criadora será  a criatura. Como o ciclo biológico do homem define  seu fim, o universo gastará toda sua energia e congelará ao zero absoluto, a zero grau kelvin. Novas configurações serão necessárias para o fluir infinito.
  





sexta-feira, 30 de outubro de 2015

O dragão, a libélula & A extinção da humanidade pela incompletude da Arte...





O dragão, a libélula
A extinção da humanidade pela incompletude da Arte... 





A força emanada do primitivo sentir é a mesma que faz o bisão correr nas tundras selvagens e a libélula flutuar na tépida primavera. A arte talhada por civilizações transmuta as primitivas sensações em representações culturais. Quando há um refinamento maior - nas representações culturais - dizemos que é uma obra-prima. As geleiras coagulantes exprimem uma natureza superior. O tempo de conservação nestas paragens aumenta. Promove a sensação inscrita nesta natureza. Permite que seja transformada em arte superior por almas mais sensíveis, mais aptas ao exercício da sublimação. Nos trópicos há menos sublimação, porém há mais calor, mais lascívia, mais arte sanguínea, mais priapismo cultural. Os tambores repercutem na selva humana, na alma lapidada das civilizações. A moral tentou engaiolar o espirito dionísico. Nietzsche escreveu que Sócrates foi o ideólogo da moral. Colocou grades apolíneas no ditirambo, aprisionou a paixão humana com sua maiêutica. O cristianismo continuou a obra de dominância sobre a natureza humana. O ser foi repelido, foi esmagado por uma humanidade mais hipócrita. A carne expressa pecado. O bode de dionísio foi transformado em ovelha cristã. Por baixo do velocino religioso o espirito do lobo uiva. Descartes crucificou as forças da natureza nas suas abcissas  e ordenadas. A revolução industrial sublimou a natureza do homem como conteúdo mercadológico. A arte foi massificada. Multidões foram empurradas à estética da violência. As grandes guerras foram cultuadas por gerações do século vinte. Atualmente, a arte deixou de ser a expressão completa, a libertação do desejo como falava Schopenhauer. A industria da arte monta seus produtos com a mesma técnica das grandes corporações. O artista apenas é responsável por uma parte do imenso quebra-cabeça cultural administrado pelo mercado. O homem é escravo do consumir. A arte é mais um produto vendido nas gondolas dos Shoppings Centers.  Sem arte o homem definha, a humanidade caminha em passos largos à extinção. Este é o futuro. O universo tem forças e matérias que a "razão" não alcança. A extinção é parte da expansão do cosmos. Nada restará nem homem, nem arte...




terça-feira, 20 de outubro de 2015

Dei um Click e Joguei a Razão na Lixeira... A→ B (se A então B) B→ A (se B então A)




Dei um Click
Joguei a Razão  na Lixeira...




Os fatos se sucediam. Os sujeitos e os objetos se atualizavam na linha do tempo e espaço. Apenas sentia o escorrer dos momentos infindáveis. Não tinha interesse em organizar. Deixava a entropia fluir em busca de uma nova desordem ordenada. O corpo estirado na espuma sintética, inerte ao desenrolar do ramerrão humano-mesquinho. Tudo era indiferente na diferença. O singular era diferenciado. Não pertencia ao que chamamos de humanidade, de unidade homem. Lembrava a historia do poeta beatnik que ficou anos em Londres deitado - sem inspiração e sem movimentos. Nada alteraria este estado inerme, nem a exuberância da vida, nem a procura e oferta do deus mercado. A poesia é uma mentira da realidade. Os estímulos de dionísio não fazem mais o verve se manifestar no cérebro estafado do poeta. Os motores movimentam a ilusão de que estamos livres da caverna. Platão morreu pelo seu etéreo e imaculado mundo das ideias. Com efeito, o que há são os simulacros, os imperfeitos, as cópias infiéis que ganharam vida com Deleuze. Defenestrar o corpo é uma opção - quando descobrimos o sentido da existência. Alguns preferem a cicuta no cálice do Santo Graal - como meio das moléculas humanas voltarem ao universo real. A chuva lava a atmosfera, como o álcool limpa os pensamentos esturricados de irrealidades-inversas. O fluxo irracional pelos neurônios permite que a velada existência seja descoberta dos seus véus de maia. Alguns dizem que no passado existiam coisas límpidas dos embaraços antropomórficos, entre elas Epicuro. Para ser é preciso ter sido e a reciproca é verdadeira: A→B (se A então B) B→A (se B então A). Para sermos precisamos não-ser-sendo. Avançamos para o devir na indeterminação do determinado universo. No porvir estaremos caminhando separados ou agregados. A geometria-física-química nos deletará a consciência - perturbação do corpo. As partículas se aglutinaram em outras configurações influenciadas pelas quatro forças do universo e outras que surgirão na linha do espaço-tempo. A matéria e as forças se expandem no universo infinito, onde nossa lógica antropomórfica não alcança e isto nos é indiferente - Panta Rhei...





   

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Re-Voltaire Contra a Intolerância ou o Crepúsculo da Humanidade....





Re-Voltaire Contra a Intolerância ou o Crepúsculo da Humanidade....





A mente anarquista com barba de Karl Marx resiste as filosofias plásticas transmitidas pelos canais digitais. Ninguém vai tutelar a rebeldia ou edulcorar a utopia. A radicalidade das posições é a base da existência. A filosofia é filha dos grunhidos do primata, que matava suas desavenças com um atirar de pedras nos crânios opostos a sua conservação. Não existimos fora da linha-limite entre o corpo e o universo. Estamos preparados para mudar de configuração e transmutar em outro conceito. Os sonhos do sistema condenam. As perspectivas da realidade levam ao cadafalso do poder que engole todas as diferenças. Vivemos uma época que o ser perdeu a essência revolucionária. Houve uma transfusão com o objeto. O ser adquiriu as características do objeto pós-revolução industrial. A coisa incorporou as qualidades e os valores do ser. Existimos numa ontologia perversa, a onde a linguagem só encontra sentido nos fluxos cibernéticos, que fluem nos cabos ou ondas entre máquinas ou nos códigos digitais estranhos para a maioria da humanidade.







RE-VOLTAIRE

"François Marie Arouet, mais conhecido como Voltaire, foi um escritor, ensaísta, deísta e filósofo iluminista francês. Conhecido pela sua perspicácia e espirituosidade na defesa das liberdades civis, inclusive liberdade religiosa e livre comércio"  - Wikepedia

Re-Voltaire. Uma tentativa de tolerância neste mundo castrador de diferenças. A vida que conhecemos são ensamblamentos de diferenças. Disputas de forças opostas. Desequilíbrio de energias. Re-Voltaire contra a intolerância da homogeneidade. Antes do big-bang não existia diferença entre matéria, espaço-tempo e forças. Quando o universo tiver uma temperatura de zero grau kelvin, também não existirão diferenças. Nem no período anterior ao big-bang, nem o universo a zero grau kelvin (zero absoluto), existiu e existirá vida. O caminho da humanidade é abertura de um feixe cada vez maior de discrepâncias. O contrário será seu crepúsculo. Re-Voltaire contra a perda de privacidade. Contra a pasteurização da cultura. Contra o fundamentalismo. O humano precisa aprofundar suas diferenças num oceano de tolerâncias.






sábado, 12 de setembro de 2015

Die Blechtrommel - Os sentimentos só fazem sentido nos filmes...


 Os sentimentos só fazem sentido nos filmes...

Die Blechtrommel



Os sentimentos só fazem sentido nos filmes. Na vida real o que chamamos de sentimentos são os véus que cobrem os mais diversos interesses primitivos. Estamos programados desde antes do Big-Bang. Condenados pelo eterno retorno de Nietzsche (Palingenesia). As configurações obedecem as atualizações no mesmo substrato a partir do início do espaço-tempo. As quatro forças do universo agem na matéria que se transforma pelo rio de Heráclito. Uma voz interior socratiana odorizando a enxofre murmura:

"O tambor do anão de Günter Grass esconde um dilema. Como escrever sobre um mundo melhor, mais igualitário, se participei, efetivamente, para construir uma sociedade totalitária e assassina?"

A preocupação de Oskar poderia ser diluída nas janelas das compensações do escritor brasileiro Machado de Assis. Sempre há uma possibilidade de aliviar a pressão que a culpa realiza. Basta abrir uma janela que substitua o fato negativo. Não precisa ser com outro fato, podemos extrair elementos positivos em qualquer situação. Ao contrário da doutrina católica e das maiorias da religiões, que para expiar a culpa pedem a punição ou sacrifício - ou ambos. A janela de compensação seria um prêmio pelo ato culposo. Uma forma de esquecer as "escolhas" difíceis que o homem efetiva. Porém, não temos domínio sobre qualquer fato, apenas organizamos dentro do antropomorfismo chamado espaço-tempo. Esta criação humana só existe dentro do córtex. Nasceu do movimento do substrato herdado do big-bang, mas que é indiferente para o universo. O conceito cultura, que envolve todas as façanhas humanas, da ciência ao mito, do mais rudimentar artefato criado no berço da humanidade ao mais complexo sistema tecnológico desenvolvido, tem o mesmo "sentido". A teia é a cultura dos aracnídeos. O mel é a cultura das abelhas.   A represa é a cultura do castor. Nada do que nomeamos faz sentido para o universo. As palavras, a semântica, a gramática não influem no que chamamos de realidade, apenas nos dão uma sensação de domínio, que efetivamente não nos pertence. Nossas obras são um conjunto vazio. Nossos sentimentos mais nobres são somente os véus que cobrem a dinâmica indefectível do que chamamos espaço-tempo. O ódio e o amor se diferenciam somente nos vazios dos conceitos. Que Oskar rebumbe seu tambor,  que sua voz vitrícida consiga romper os vitrais da Igreja do Sagrado Coração de Jesus, que os tedescos continuem engolir enguias, que Stephen Hawking elabore mais teorias sobre o universo, mas tudo isso é e será indiferente para o cosmo infinito...






domingo, 30 de agosto de 2015

Maxikoan: Kapruskaya - O amanhecer é uma dúvida...






O amanhecer é uma dúvida...






Os neurônios em choque contra a artificialidade das artes. Os sábias gorjeiam na madrugada pré-primaveril. O estomago acidificado pelo vinho vagabundo - causa transtornos nos vultos intensos da realidade intocável... O sentido da vida perdeu seu efeito de estimular o espirito de conservação. Suportamos a existência colocando os fragmentos em alguma ordem não lógica. Escrever tornou-se obrigação para evitar o total-nada. Talvez sejamos um Jesus Cristo-Ateu esperando a bala perdida brasileira ou a cruz medieval, ou ainda, a cimitarra muçulmana. Quiçá a última noite fria esteja perto. Na noturnidade a rua é o palco impiedoso para cada erro, para cada acerto. Kapruskaya disse que vai morrer abraçada em nosso corpo, mas ele está podre, velho e sem energia. Nós bebemos demais, escrevemos demais, desafiamos o futuro sem retaguarda. Nossos corpos estão nus na imoralidade redentora. O peso do universo moral vai querer esmagar nossa liberdade desvelada. K. então disse que não compreende o deus-infinito-nada, apesar de adorar a imoralidade imunda do deus vagabundo inexistente. Mudamos de plano, fomos beber cicuta e consagrar um galo para Esculápio. Não temos futuro, não percebemos o presente e esquecemos convenientemente o passado. Deve ser consequência do álcool, dos opiáceos e de alguns traumas freudianos ou não. Sem falar do trem da revolução que descarrilou - enquanto embarcávamos. Os lábios de Kapruskaya gélidos, como os habitantes da paz eterna de Kant, mas  com todo seu sex appeal - arrepiam a pele do assexuado e do cadáver do poeta, que morreu sem rima nas geleiras do pensamento. Acho que já estamos há muito tempo neste planeta, ao contrario de nossas mães que resgatam cada minuto que ainda possam  restar. Não temos mais empatia nem com nossas sombras. Caminhamos na soturna e congelante madrugada, entumescidos de alguma impureza. Logo vamos dormir em camas separadas, em profundas toxidades incompreensíveis para os humanos... O amanhecer é uma dúvida...







quarta-feira, 29 de julho de 2015

Vincent Van Gogh - O Tímpano da Loucura | Ácido Acetissilico e Penicilina para Van Gogh



O Tímpano da Loucura



Uma Aspirina Para Van Gogh...

Os Girassóis e a Tela em Óleo...

Os Pixels nas Telas Digitais-Planas...

As Brasas Vermelhas do Fogo...

Verdes Pasteis & Árvores Gálicas...

O Vinho Carnil na Mesa Rústica:

A Natureza Morta

A Revolta Viva

A Orelha decepada





A Natureza Selvagem...

O Absinto e a Távola...

Moinhos & Tamancos...

O Mergulho na profundidade da Alma Perdida...

Sua Casa É o Louvre,

Como o Ouvires Prefere o Amarelo:

Solidão & Depressão...

Vertigens & Prostitutas...

Convivem com Belos Trigais.




Lá Vão Eles Abraçados e Grogues:

Gauguin e Van Gogh...

O Lume das Estrelas...

Aves Negras & Insanas Povoam o Cérebro...

A Força da Natureza...

O Instinto do Lobo Selvagem...



VINCENT VAN GOGH

Se Tua Dor Encefálica Ainda Não Passou:

Ácido Acetissilico e Penicilina...  

Uma Prótese Psicológica... 

Uma Orelha de Silicone...  

Uma Prostituta Profissional ... 

Em Último Caso...

Uma Arma Quente...

terça-feira, 21 de julho de 2015

A arte pela estética ou o corpo sacrificado em nome da arte.





A arte pela estética ou o corpo sacrificado em nome da arte.



Bilhões de células por dias se desmancham em busca da sublimação. O corpo só tem função quando é sacrificado em nome de alguma faculdade intelectual. A poesia sem a desmantelação da composição humana não tem profundidade, não revela o essencial do ser. Heidegger, com todos seus erros, acreditava que o ser autentico estava vinculado a terra, aos filósofos-materialistas - os pré-socráticos. O ser caminha para a morte. A arte caminha para a eternidade. A eternidade é o resultado do intelecto obtido pelo caminho finito entre a alvorada da existência e o crepúsculo das vivências, mas um tao em que a terra decompõe a organicidade que gera o fenômeno do fenômeno. Os italianos vivem a ilusão da estética sem sujar as mãos. Os alemães sujam o corpo para produzirem um idealismo de opressão. Os franceses perfumam o ser e geram uma metafísica nervosa e contraditória. É preciso ser sujo, embriagado, enlamado nos escaninhos da existência para fabricar a arte, a poesia, a literatura e outras mercadorias geradas no córtex. A configuração da estética é a superfície, a rima. A essência é o que está por baixo do tapete. A putrefação da existência é o estrume onde os vermes se movimentam, se alimentam, mas também o substrato para as mais belas rosas, o ritmo primitivo de Dionísio. Os espinhos estão nas coroas que rasgam a carne do ungido, esperando a outra face para impor cicatrizes e ferimentos. As lâminas das adagas assassinas impressionam a memória humana, escrevem na imortalidade dos papiros etéreos. A arte está distante das regras, da razão. A irracionalidade de uma libação infinita é porta da morada poética. A tragedia sustentou a arte grega. A maiêutica socrática degenerou o teatro, a poesia e a filosofia. A razão e a lógica destruíram o panorama poético na idade média e moderna. O renascimento foi barrado por Lutero, Descartes e outros ascéticos-moralistas. Restou a arte pela arte que levou Giordano Bruno a fogueira, Galileu a prisão e a censura. Nietzsche martelou o racionalismo de Hegel, dando poder aos simulacros acorrentados por Platão. A arte essencial é impudica, está longe das técnicas pré-concebidas. A arte respira nas sarjetas sujas e gordurosas, nos licorosos vinhos ordinários da América. A arte pela arte esconde a realidade, maquila o ser autentico, aliena o bípede implume...




quarta-feira, 15 de julho de 2015

Maxikoan - "I have nothing to offer anyone except my own confusion" - Kerouac





De Hormônios, Succubus & Nirvana




A sólida água turquesa deslizava na solidão dos pensamentos absortos no que chamamos simplesmente vida... O álcool, eterno companheiro de viagens diversas, ajudava a levar o corpo incorpóreo aos mares de calmarias e tempestades do índico milenar e sagrado. A morte vagava ao redor como um elasmobrânquio na sua inocência cruel. A esperança consome o tempo útil de absorção na mais terrível hermitage erguida, que contamina a eletricidade que rasga o córtex. O Universo  agora dialoga com a tabela periódica do corpo sacro, da ciência, das células que dão vida, consomem e deletam, mas sem tirar ou acrescentar nada ao universo, apesar do movimento visceral.  Os temporais severos deslocam o devaneio que singra por oceanos de ilusão no pensamento selvagem, que afasta as relações humanas. Sinto a tenebrosa rejeição humana fundamentada em seus deuses de moedas.  O ser humano, uma invenção metafísica preenchida pelo consumo da alienação, presumido na vontade concreta dos objetos, projeta o inexistente deus como o fiador de suas propriedades, de seu ódio ao semelhante e ao planeta e para sua sociedade de classes e escravismo. O ramerrão segue nas artérias imponentes e burguesas. O sangue espalhado pelo aço e concreto se espraia  nos miasmas modernos das ovelhas humildes e submissas. O manto maldito cobrindo o corpo solitário, manchado com o pseudo vinho tokay/tupiniquim, vela as estratégias de um plano irracional de destruição.  A atmosfera soturna estimula os hormônios-succubus, levando ao esgotamento das energias que brotam nas vivencias prazerosas. O pesadelo se insinua eterno no fugaz pulsar dos sólidos que se desmancham no ar.  Os poros expelem fluidos tóxicos proibidos pelas falsas leis humanas. A desesperança é a base para resistir as investidas da massiva impregnação dos objetos da aldeia global policial. O nada comporta e acalma todas as incertezas que infestam a realidade-ilusão do formigueiro humano. O nada do fluido azulado em que destroços oportunizam uma equidistância do nirvana, da índia mistica com todas as contradições, onde o que parece ser nem sempre é....




quinta-feira, 2 de julho de 2015

Teoria, Ménage à Trois, Evolução, Sex Pistols, Je T'Aime & God Save The Queen...


Teoria, Ménage à Trois & Evolução...


Quando ouvi a palavra diletantismo pela primeira vez, estava explanando sobre o início do universo - O Big-Bang. O ambiente era um bar na parte central da cidade. A palavra me incomodou. Antoine um professor francês da universidade estatal - estava extremamente bêbado. Pronunciou a palavra para me incomodar:

- Não entendo nada do que você fala, mas o ouço por diletantismo. 

Não esperei sua expectativa. Ao me ver perturbado e interferir na exposição sobre o Big-Bang. Passei o braço por cima da mesa como um rodo num chão lambuzado. Garrafas de cervejas, copos de whisky, acepipes e celulares voaram para as lajotas pretas. Os outros que ocupavam a mesa assustados, levantaram e se afastaram. A minha irracionalidade extrema conflitava com a exposição lógica-matemática. Consegui deter minha noite de fúria com alguns goles extremos de cerveja. Os ouvintes, apesar do controle, foram se despedindo, deixando-me solitário na mesa reabastecida. Era um exercito de bebidas alcoólicas que tinha que bater.



Os funcionários do estabelecimento começaram o movimento que antecede o fechar das portas. O gerente dirigia um olhar de estamos fechando. Tomei duas doses de whisky e joguei meu cartão de crédito em direção do caixa. A funcionária abaixou-se para pegá-lo. Debitou o valor do consumo e devolveu o quadradinho plástico num porta-documentos de prata. Antes de sair pedi que colocassem umas cinco doses de Grant's em um copo de plástico. Os pés começaram a vencer o passeio na noite citadina. Uma parede roxa com letreiros vermelhos e um amontoado de pessoas na frente exerceram um poder de gravidade. Era um imã puxando uma agulha. No pensar alcoólico-racional vieram muitas justificações para continuar a noite. O PUB temático fazia uma homenagem ao filme Laranja Mecânica. Dentro do estabelecimento uma jibóia enrolada no pescoço de uma mulher ébano. O garção atendeu minha disposição alcoólica tantálica, da vontade do eterno retorno etílico. Entre goles de tequila e copos de absinto fiquei encantado pela morena e sua boa constrictor.



Logo, me senti enturmado no ambiente. Um "inferno" e todas as suas benesses. A garota da jiboia possuía uma cintura esplêndida que me cativou. Sua cintura equivaleria ao nariz de Cleópatra - Um fetiche. Entre doses e olhares fiquei obcecado. O olhar foi interrompido quando um habitue do bar me abordou. Na realidade, queria vender algum tipo de droga. Comprei algumas doses, fui ao banheiro sujo que misturava cheiro de naftalina com urina. Coloquei algumas carreiras encima da tampa da privada e inspirei o pó andino. Retornei ao centro dos acontecimentos no PUB. Ouvia-se os grunhidos de Johnny Rotten e uivos desafinados dos seus comparsas. Sentei junto a mesa e logo consegui avistar novamente a garota da cintura esplêndida. O vapozeiro sentou do meu lado e perguntou o que eu tinha achado do seu produto:

- Nice... Ótimo...

Ele notou meu interesse pela garota, pois olhar era fixo em direção a ela:

- Não me leve mau, mas se você quiser posso chamar a garota para vir sentar aqui.

Comecei um dialogo etílico-tóxico com Myrna. Era assim que a cinturinha esplêndida se chamava. Começamos a virar copos. Seu olhar indicava carta branca para avançarmos de fase, mas antes de sair do PUB, tive que comprar mais neve do vapozeiro.



Caminhávamos pela longa avenida central alternando doses de whiskys e inspirações de flocos de neve e com a jibóia enrolada no dorso de Myrna. Chegamos a uma escadaria paralela a um antigo viaduto decadente. Já passava da 1:00 hora da madruga. Myrna queria fazer sexo na parte mais alta da escadaria. Queria fazer sexo com a boa constrictor. A condição etílica-toxicológica da minha mente não colocou empecilhos. Chegamos ao ápice da escadaria. Começamos o ménage à trois. Nus a uma temperatura de 6º C na solitária madrugada ventosa. Preenchemos o vazio da cidade com nossos corpos sem controle, com nossos pensamentos e desejos libidinosos. Era essa nossa contribuição para a evolução da humanidade, do planeta sustentável, para a integração do homem e o animal. Depois de 13 bilhões de anos, desde o Big-Bang, era essa minha contribuição. As teorias, os cálculos e milhares de horas e leituras me pareciam insignificantes diante a experiência inusitada. Pensei seriamente em jogar o corpo no vão de 30 metros de altura, mas a língua morna e rosada de Myrna e seu sexy-appeal salvaram a mediocridade de minha vida de cientista, de teórico; sob o auge de um entusiasmo dionísico, prometi para M. e sua jibóia que constituiríamos uma família inexpugnável...


 


segunda-feira, 22 de junho de 2015

Διώνυσος - John Nash, Nietzsche & Fuga Ensimesmo - Amor Fati




John Nash, Nietzsche & Fuga Ensimesmo  Amor Fati




John Nash um matemático, que apesar da sua genialidade, não ganhou o prêmio nobel, pois profissionais de matemática estão impedidos de receber a distinção por motivo passional.

- Passional?

- Sim, Passional. Porque um matemático chamado Mittag-Leffler teve um caso amoroso com a esposa de Alfred Nobel e este, por vingança, não destinou seu prêmio a ciência Matemática. 



Jonh sofria de esquizofrenia. Conforme os estudos psiquiátricos existe uma lógica perfeita dentro do delírio na maioria das pessoas que são afetadas por esta "doença", só que esta lógica não corresponde a realidade. Parece não ser o caso de Nash, pois sua lógica matemática, oriunda de sua paranóia, serviu para resolver, explicar muitos problemas reais, que foram reconhecidos pela nata da ciência mundial. Um dos pesadelos que que afligiam Jonh Nash, eram seres virtuais, espectros do passado, como agentes da CIA e FBI, que o inquiriam diariamente. O córtex do matemático, cansado das perseguições elaborou um artificio para acabar com a loucura. Simplesmente resolveu não responder aos agentes secretos que o perseguiam e o inquiriam. Só responderia aos seres que seus sentidos percebessem, ou seja, homens de carne e osso.




Nietzsche iludido pelo entusiasmo dionísico, pela embriagues do filho de Zagreu, pela adoração ao Olimpo, morada dos deuses que aprovavam todos os atos que emanassem do apetite humano, usou a ferramenta de Thor para acabar com a metafísica de Hegel. O filosofo de Rockem destruiu toda a racionalidade do século XIX a marteladas. Com isso, corrói toda moral-metafísica. A consequência esperada era que o homem se livraria das amarras de dominação do invisível Dever Ser de Kant e mergulharia nos grilhões do destino e sua aceitação. O Amor Fati de Nietzsche é a consagração da vida, da matéria, das forças que movem o universo, sem lamuria, sem o vale de lagrimas cristão e sem a ilusão de que o homem tem a liberdade de construir o porvir. O mundo é contraditório, precisamos do nada para imaginar o tudo.



A racionalidade fragmentada cobrou seu preço. A paixão primitiva por uma mulher desmanchou o sonho -  que o homem deve aceitar o destino, por mais cruel que seja. Salomé desconstruiu a filosofia nietzschiana. A tragedia da rejeição fez o filólogo elaborar uma metafísica da loucura, do intangível sofrer misturado com a tragédia dos pré-socráticos. Nietzsche pós-decepção amorosa, assinava suas cartas com nomes como de Jesus Cristo, Dionísio, Bismarck. O destino seria pior. O Eterno Retorno condenava o filosofo ao mito de tântalo.... A psicologia trágica aditivada a rejeição amorosa - acelerou a deterioração de sua mente, pelo menos para os que cercavam, pois a configuração de seus neurônios tinha se tornado inacessível. Apoplético, solitário e ensimesmado no ninho de penas materno e bulido pelas escamas de sua irmã - o ovo da serpente - Nietzsche passou os últimos dez anos de sua vida. 




A moral, a ética e a religião afirmam, a maioria dos pensadores, ser um santo remédio para o coletivo, mas um terrível veneno para a existência individual. Quando estas nos seus primórdios serviam a comunidade, sem propriedade, era uma equação que satisfazia todos os elementos. Ao levantar o primeiro muro, ao estocar alimentos com intuito de troca, de escambo, o homem bom de Rousseau deu lugar ao lobo do homem de Hobbes. De agora em diante o deus, o juiz e o sacerdote controlariam o homem comum, o sujeito as leis de deus, dos homens. O estado repressor ampararia os donos da verdade, ou seja, o poder econômico. Reuniria os micros poderes de Foucault, as leis humanas e as leis divinas para julgar e punir. A vigilância de deus não é mais necessária, pois vivemos tempos de Orwell, de NSA, de vigilância digital. Talvez, a única saída seja ensimesmar, como fizeram John Nash em sua esquizofrenia ou como Nietzsche na sua decepção amorosa amparada pela tragédia grega...





quarta-feira, 3 de junho de 2015

IDUS MARTIAE - O Homem Perdido na Imprecisão do Espaço-Tempo...






IDUS MARTIAE

O Homem Perdido na Imprecisão do Espaço-Tempo...




A sibilina enuncia as terríveis palavras que selaram o destino de César:

- Idus Martiae, Idus Martiae...

Um homem caminha pela álea de carvalhos, meditando sobre a profecia: "Quem será o novo Brutus?". A lua cheia ilumina seu caminho, a maquinação de sua mente se estende pelo quase infinito ecoar do anunciado. Um segundo enunciado reverbera entre as moradas das ninfas:

- O sangue se esparramará sobre a terra insana, desvirginada. O bem e o mal se unirão nas mãos do implacável destino. A serpente e o cordeiro serão um só ser... 

O homem sente uma pressão torácica. Uma taquicardia compromete sua reflexão. Seus pés perdem os movimentos e se fixam nos calhaus da álea.  As pupilas se dilatam sob o efeito das ondas lunares que transpassam a atmosfera diáfana e gélida. Um vapor sulfúrico, emanado dos mistérios inacessíveis ao natural, confunde o processo cerebral.  Uma ingente massa de epifenômeno derivativo se expande na imaginação: "Preciso de qualidades, silenos, números para salvar a proporção, algoritmos para apagar os fantasmas, as sombras que habitam a particularidade do meu ser afetado pela dialética divina".


Os dedos róseos da aurora anunciam o amanhecer. O homem extenuado do caminhar avista uma taberna. Um líquido carnil na taça translúcida lhe é oferecido pelo esotérico florestal. O esplendor do rubiáceo  atrai seus lábios que beijam com prazer o copo refinado, preenchido com o liquor de Dionísio. O corpo cansado vai sendo narcotizado ocidentalmente. Aos poucos vai sentindo o abraço da razão. A massa informe se dissipa com a chegada da carruagem de Hélio, que inunda de ondas douradas a álea e a floresta. Um pensamento cartesiano invade o peregrino herege: "Estou convencido que os sentidos nos iludem ao captar as impressões do exterior".



Nem todos caminhos levam a roma. O homem, restaurado pelo vinho e pensamento, empoeira seus mocassins. Não existe transcendência. Os idos de março chegarão com as contradições do bem e do mal, da carne e do espirito. A lâmina do inevitável fara jorrar o sangue necessário, ignorando os valores humanos. Os deuses do universo precisam do movimento, da morte, do nascer e da ignorância eterna para oferecer a fátua felicidade terrena...






domingo, 31 de maio de 2015

Superando Althusser





Superando Althusser 








Houve uma época em que andávamos com livros de Althusser embaixo do braço. Isto após o Ideólogo Marxista matar por estrangulamento sua esposa; ou por acidente, ou por premeditação. O certo é que Hélène Rytmann, uma revolucionária judaica nascida na lituânia, morreu nas mãos de um homem que teve sua saúde mental e psicológica abalada ao longo de sua existência. Apesar de nossa pouca idade e tempos nebulosos, vivíamos mastigando livros de Karl Marx ou seus derivativos como Althusser, às vezes comprávamos, às vezes surrupiávamos das prateleiras de livrarias burguesas. Acreditávamos que o socialismo científico seria a redenção para a humanidade, a salvação da lavoura, a remição do lavor urbano. Entre reuniões e movimentos revolucionários, nossos feromônios fervilhavam, espocavam tornando nossos corpos elétricos e rebeldes. A ideologia, o livro vermelho de Mao Tsé-Tung, a crítica e autocrítica e a disciplina rigorosa nos impedia a transição da política revolucionária para o sexo e o rock and roll, que nossa química corporal exigia.







O materialismo é o que importa. A religião é o opio do povo. Não pudemos sustentar por muito tempo estes bordões. Logo migramos para livros de Castaneda e planejávamos viagens em direção ao deserto de Sonora, para Machu Pichu e seus mistérios. Queríamos provar os verdadeiros ópios. Mastigar folha de coca e experimentar mescalina; ouvir as flautas mágicas andinas e conversar com os bruxos de Dom Juan. Foi uma transição em que por muito tempo tateamos na escuridão da indefinição. O existencialismo de Heidegger e Sartre chegaram por meio da biblioteca pública, apesar de varias vezes sermos aconselhados, por obesas bibliotecárias, a arranjar outra ocupação e deixar o espaço livre para quem realmente precisava estudar. Não entendiamos muito bem a liberdade que Sartre pregava. Contudo, chegou em nossas mãos o script de uma peça de teatro do existencialista francês. O personagem, chamado Tom, passava o dia tocando saxofone no sótão, esvaziando garrafas de whisky do Alabama. Jazz e whisky - isto nos servia. A cada acorde ganhávamos existência, a cada dose de álcool perdíamos nossa memória materialista e afetávamos o figado...










quarta-feira, 20 de maio de 2015

As bananas desnudas no prato de louça branca portuguesa e os ratos invisíveis...






As bananas desnudas no prato de louça branca portuguesa e os ratos invisíveis...








As bananas desnudas no prato de louça branca portuguesa e os ratos invisíveis...  As pacobas nuas na louça branca, colonial, lusa, bacharelesca   servem aos macacos tupiniquins suas refeições espirituais & corporais. As necessidades humanas, dos símios brasilis,  apesar de sagrados em algum lugar da asia (GOA?) são dignas das narrativas sacerdotais relatadas por Nietzsche. Os ratos diáfanos podem agir a meia-luz na redundância de um abajour francês. Os roedores pestilentos aprenderam com o homem. Não tem escrúpulos, apenas desejos sujos para saciar a fome e uma infinidade de doenças....
Os pratos com pacovas desnudas também servem para o desejum humano, após um longo período de abstinência alimentar. O local ideal é um banheiro sacro, num mês em que os deuses dancem sobre as brancas nuvens que cobrem o oceano índico, em uma atmosfera sem sentido, sem humanidade...





Os Mus Musculus transparentes desejam salvar a humanidade. Vamos deixa-los a vontade. O movimento ratos para salvar o planeta e o mamífero humano, são como as ONGs e OCIPs, não tem fins "lucrativos", nem "ideologia". A principal ação a ser desenvolvida é construir bilhões de moradias, feitas com queijos suíços sem lutas de classes e discriminação.  Os furos da iguaria dos helvéticos abrigará a população de roedores, com um único objetivo: proteger as propriedades do bípede implume racional. Não possuem nem um outro interesse, senão permanecerem invisíveis e admirarem as pacobas no prato de louça branca lusa, enquanto a massa humana assiste nas telas planas digitais -  que jogam milhões de alienações por 1 nanosegundo-luz...   





O grande senhor burguês-político do alto de sua grimpa-reação berrava. Com o prato de louça portuguesa alva vazio de bananas desnudas:

- Viva Hobbes e seu Leviatã. Precisamos de um poder absoluto para conter a caterva proletária e os parias da sociedade... Abaixo a vontade geral do proxeneta Rousseau. Seu contrato social é a volta a selvageria... Podemos ceder algumas pacobas desnudas aos ratos invisíveis e aos lumpemproletários, porém as louças de porcelanas lusas já é demais....







sexta-feira, 15 de maio de 2015

Pseudo-Poema A Todos Bebâdos da América




 Pseudo-Poema A Todos Bebados da América










O figado se arrasta pelos bares da cidade


Garrafas se esvaziam automaticamente no rastro


A existência depende do copo, da botelha e do álcool


A felicidade é proporcional ao nível de alcoolemia

Os bares da América nos recebem com orgulho

Para a tristeza de nossas mães...







Navegamos por rios de vômitos 
Oceanos de loucuras

O vento nos move em direção ao iceberg 

Somos funâmbulos sobre o fio da navalha 




Um deus pagão nos protege sob o sol de Hemingway

Em nossa sina perdemos a razão...

Nossa batalha é diária

Whisky, vodka, vinho não importa

Somos nossos próprios inimigos

Nas trincheiras de Bukowski 




Não temos heróis nem ídolos

Somos iconoclastas que derrubam garrafas

 Atores do teatro do absurdo

Personagens sem Script...









quarta-feira, 6 de maio de 2015

Sou uma Tribo de Personalidades ou Servum Pecus Imitatōrum & Cruzicicuta....





CRUZ & CICUTA





Sempre foi um cara estranho. Não bebia álcool, porém era um contumaz consumidor de drágeas diversas. Não era hipocondríaco, apenas queria experiências que alterassem seu estado de consciência. Nos tempos de sobriedade consumia lógica e matemática nos livros e no youtube. Nas loucuras de seus paraísos artificias corrompia toda a racionalidade. Uma mistura explosiva de psiques opostas. Batalhas intermináveis dentro do córtex. Os refugiados, vitimas das ciências exatas, ganhavam corpo e protagonismo - como as cópias imperfeitas de Platão na filosofia Deleuziana. Britlavik Shaoni vivia neste ramerrão, na dicotomia do mundo imaculado da razão contra a imperfeição dos sentidos. Quando estava com o corpo dominado pelos seres subterrâneos, costumava escrevinhar alucinadamente no fluxo da consciência primitiva, na fluidez dos vômitos inconscientes. Costumava dizer, quando questionado sobre sua instabilidade:

- Sou uma tribo de personalidades....





B. Shaoni registrava sua logorreia infindável no seu desktop. Arquivos se multiplicavam. Blogs em profusão. As teclas apresentavam desgastes causado por falanges elétricas, rápidas. Os textos eram reflexos de forças que disputavam posições no córtex. Rastros de filosofia, hormônios e efeitos colaterais preenchiam o editor de texto. Uma amostra de sua inefável literatura.



CRUZ & CICUTA

O discurso de Sócrates servirá para qualquer época. Será sempre atual. A liberação do corpo para atingirmos a verdade é a recompensa diante o sofrimento. A existência terrestre não é completa para dar sentido à vida. O bípede implume racional necessita da transcendência para evitar o suicídio - atingir a verdade é o antídoto. O cristianismo propõe o éden para substituir a cruz terráquea, que castiga e produz a culpa. Assim, a filosofia e o cristianismo apostam na transcendência para manter o Servum pecus imitatōrum dependente do sacerdote e da ideologia do poder. Está Implícito/explicito nos teores das escrituras humanas, diretamente ou nas entrelinhas, um proselitismo com o fim de tornar dócil e dependente as ovelhas que se submetem ao redil ideo/teológico.  Absorvendo o sofrimento e a ética do poder teremos como prêmio o paraíso da verdade ou a luz eterna dos olhos da Beatriz de Dante Alighieri....